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  • Compact Disc | 2ª EDIÇÃO
    Compact Disc (CD) + Digital Album

    O início do caminho, manifesto de fé e amor.
    Disco / Livreto produzido à mão pela Ana Palma Polido

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  • VINIL TRANSPARENTE - 1ª EDIÇÃO
    Record/Vinyl + Digital Album

    CONTÉM FAIXA EXTRA - NÃO SATISFAZ
    EDIÇÃO LIMITADA 300 UNIDADES
    BOOKLET PAPEL VEGETAL COSIDO À MÃO

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about

Os recibos verdes chegaram como uma Songamonga. Se no início se acreditou que a sua criação tinha um fundo positivo, cedo se percebeu que esse fundo não tinha fundo, e que dentro dele nasceria toda uma geração com muitos motivos para estar bem à rasca. Já nascemos precários, desnorteados, a segurar numa mão um chocalho com cabeça de peluche, e na outra uma lista de obrigações fiscais para com a portuguesa nação, que ainda mal nos dera um pouco do seu sol de fim de tarde e já nos cobrava segurança social, IVA e IRS.
Se soubéssemos disto não havia chucha ou brinquedo de roer que tivesse sobrevivido. Da raiva que era a nascer-nos nos dentes. Em vez de Millenials tinham-nos chamado geração Pit Bull.
E não bastando, ainda nos confirmaram a promessa de desemprego subsidiado pela família e o direito a férias pagas pelos pais. Tudo isto sem se esquecerem de nos ensinar um pouco de história, para termos noção de quão difíceis foram os tempos antes do nosso, em que se trabalhavam 12 a 18 horas por dia e uma sardinha tinha de dar para 4 bocas. Somos uns afortunados. 
E então um dia em que me sentia particularmente feliz com este posto, escrevi esta canção. 
Precisava de respirar fundo e renovar votos de esperança na vida e no país. Não naquela esperança verde e irónica em forma de livro com picotado no lado esquerdo, mas uma esperança a sério, com dignidade.

lyrics

80.NADA

Não quero a tua coroa, Portugal
Nem incendiar o teu tribunal
Nasci no tempo errado
Recibo verde é pior que mau olhado

Já passo dos trinta
E a máquina sempre me finta
Ser independente
É nunca chegar a ser gente

Sistema indeciso
Viver entre o choro e o riso
circo lindo e triste
Coração magoado e em riste

Não há contrato, não há férias no verão
E a complacência faz a fortuna do patrão
As horas extra não aumentam o salário
Subtraem à vida, grande vínculo vigário
IVA e retenção... ser pessoa a prestação
segurança social
Pode o bem saber tão mal?
Proteção, não sei o significado
Mas em compensação sei o que é diferenciado
E o silêncio que se faz tira-me o sono e a paz
Desde quando temporário é sinónimo de otário?

Precariedade
inspiras tristeza
Aos dias mais leves
que eu pudesse ter
E aos meus olhos cobres de cinzento
Os muros com cravos
Que cresci a ver

credits

from RUA DAS MARIMBAS N​.​7, released July 29, 2020
Letra e música - A garota não

Produção Sérgio Mendes e A garota não

A garota não vozes
Sérgio Mendes guitarra elétrica e baixo
Pedro Nobre bateria
Excerto entrevista a José Pinto de Sousa: A conta 006 - Operação Marquês Grande Reportagem SIC

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A garota não Portugal

Música por manifesto.

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